Sinais de Liberdade


sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Freedom of Choice...or...Independence Limited

Como podem reparar pelos posts anteriores, os assuntos tratados aqui têm sempre como base alguma notícia que me tivesse suscitado interesse ou, no caso da última reflexão, uma exigência da minha professora de Português. O post desta semana também não irá fugir à regra de ter algo que serviu de base, e neste caso, a fonte de inspiração foi uma música que andei a ouvir esta semana, e cuja letra me deu vontade de reflectir um pouco.

A letra em questão pode ser consultada aqui, pertence à canção "Eye of The Beholder", escrita e interpretada pelos Metallica.

A letra da música gira em torno do facto de termos as nossas acções constantemente limitadas pelo sistema judicial, e por esse motivo nunca conseguirmos atingir a liberdade absoluta, pois estamos sempre constrangidos por alguma entidade superior.

Feita que está esta espécie de introdução, o busílis da questão passa em saber se essa liberdade absoluta, que propositadamente falei em cima, pode de facto ser alcançada, ou se pelo contrário não passa de uma utopia que faz sonhar o comum dos mortais.

Se olharmos um pouco para o nosso passado, e de certa forma para o nosso presente, a ideia que tenho é que o homem sempre concebeu e desejou essa ideia de liberdade absoluta, mas da mesma forma que concebeu essa ideia, logo arranjou meio para para tornar ainda mais utópico esse sonho. Estou-me a referir, por exemplo, aos deuses que segundo as histórias governaram em temos a terra a partir do Olimpo. Esses deuses, segundo o que se conta, tinham poderes que passavam em larga escala os poderes humanos, e por isso mesmo eram estes que comandavam o destino dos segundos, estando estes últimos impotentes de viver a sua vida a seubel prazer, pois por mais que se esforçassem, o seu destino estaria sempre dependente dos deuses. Ainda hoje isto se passa um bocado.

Ora, neste exemplo, a ideia de liberdade está associada aos deuses (ainda que suportada pela sua omnipotência), e o conceito de seres não livres ficou intrisceco ao comum dos mortais. Partindo do princípio que nós não podemos atingir o estatuto de Deus, e que estes são fruto da imaginação do homem (pelo menos é o meu ponto de vista), há duas coisas que se podem induzir: O Homem sempre sonhou com a liberdade absoluta, e ao mesmo tempo sempre teve medo de se tornar livre, pois se há uma coisa que acho que é incontestável, é que se formos livres o suficientes para agir de acordo com a nossa vontade, temos de ser igualmente responsáveis para assumir a consequência desses mesmos actos.

Deixando o lado mitológico um pouco de lado, e centrando-nos apenas no nosso mundo palpável, a conclusão a que chego é que apenas somos livres até certo ponto, e já nem entro no campo da omnipotência, pois acho que não é descabido pensar que ainda alguém tem a ideia de liberdade como sendo "fazer tudo o que nos apetece".

Vejamos porque é que afirmo que não conseguimos ser totalmente livres.

Em primeiro lugar porque desde o momento em que nascemos, ficamos inseridos numa sociedade em que já existem regras e padrões isntituidos. Ou seja, por mais que não queiramos, estaremos sempre limitados pelo local que nascemos, pela educação que tivemos, pelas oportunidades que tivemos ou não. São totalmente diferentes as oportunidades que uma pessoa que nasce num ambiente favorável consegue (entenda-se um ambiente se m guerra, fome, doenças), do que uma qualquer pessoa que nasce e cresce no meio de um clima hostil.

Por outro lado, o facto de mais uma vez vivermos em sociedade, faz com que a nossa liberdade fique condicionada pela nossa interacção com os outros. Ao relacionarmo-nos com outras pessoas, temos de agir de forma a que não coloquemos em causa a susceptibilidade alheia.

Outro ponto a considerar são as condicionantes genéticas. Uma pessoa que nasce com um qualquer problema de saúde fica irremediavelmente condicionado .

Perante este cenário, a conslusão que se tira é que o exercício da liberdade é uma coisa que envolve vários factores, e por isso mesmo, é muito restringida, mas isto não significa que esta não exista.

Para mim liberdade, mais do que termos controlo sobre todas as condicionantes da nossa vida (o que é impossivel), consiste em termos capacidade de quando confrontados com dois caminhos distintos, sermos autónomos o suficientes para escolher aquele que melhor se adequa à nossa pessoa. Se é certo que não podemos controlar tudo à nossa volta, também não é menos verdade que temos o direito, e fundamentalmente o dever de sermos nós próprios a decidir aquilo que está dentro das nossas possibilidades e que nos afecta directamente.

Mesmo quando as condições não são as melhores, e não o são por motivos que transcendem as nossas limitações, e essas condições fazem com que a nossa vida seja comparativamente mais difícil que a vida da maioria das pessoas, há sempre pelo menos duas opções a tomar. Ou nos conformamos e nos tornamos ainda mais miseráveis que a miséria à nossa volta pelo simples facto de nem sequer termos tentado mudar as coisas, ou, por outro lado, não nos conformamos e lutamos por um futuro melhor. É certo que o caminho não será fácil, mas difícil por difícil, mais vale lutar.


3 comentários:

Anónimo disse...

Antes de mais nada, foi o teu post até agora que mais gostei :)

Depois quanto à liberdade, isto pode parecer muito alucinado, parvo e ridiculo, mas pra mim ela não existe a nível físico. A liberdade para mim é conseguir imaginar, sonhar, voar por onde queremos ir e isso todos conseguimos. É só libertar a Criança que temos dentro de nós e faze-la criar, brincar com o mundo =)

ficou bastante piroso...mas ja sabes que este tema me leva ai :)**

Anónimo disse...

Sabes Ché, este artigo tem muito a ver com Anarquia.

Recentemente fiz um trabalho em direito onde falei da Anarquia, que não é como todos julgam a ausência de ordem ou leis, mas bom não é essa a questão. A questão é que a ideia base da anarquia prende-se com a perda de identidade pessoal, ou seja, uma pessoa vivendo em conformidade com o sistema hierárquico actual não tem possibilidade de ter um pensamente individual, tá sempre tudo muito limitado, perdendo identidade.

Se tiveres interessado podes sempre saber mais na wiki, por acaso está bastante bem explicado, e conhecer melhor a obra do "pai" da anarquia o Sr.Prodhoun.

Bom blog ;)

Pedro Zambujo disse...

Digo sinceramente que este tema não é dos que mais me agrada, talvez por ser abordado de uma forma que desgosto nas aulas de Filosofia. No entanto, tocaste na questão da liberdade = responsabilidade, que muitos não aceitam. E vá, acabo com uma frase batida, que demonstra que a liberdade não existe sem condicionantes.

A minha liberdade acaba onde começa a liberdade do outro.

Já sabes, continua.