Sinais de Liberdade


sexta-feira, 11 de abril de 2008

"A valorização do saber popular na actualidade"

Mais de 3 meses depois, volto a dar vida a este espaço. É certo que de inicio tinha como objectivo ser mais regular na escrita, mas factores vários - onde reconheço que a preguiça foi um dos determinantes - fizeram com que este projecto estivesse tanto tempo parado.

Aos meus poucos, mas fieis leitores, um pedido de desculpas com a promessa de tentar ser mais regular futuramente.

Bem, em relação ao post de hoje, ele não é mais do que o que a transcrição da minha opinião sobre o tema que dá título à mensagem. A opinião foi-me pedida por uma amiga minha - a Marisa - e passa a estar disponível para todos os que quiserem ler.

A quem o fizer, um forte abraço.



"Saber popular, também conhecido como o saber que passa de geração em geração, de pais para filhos, de filhos para netos.

Geralmente é um saber empírico, adquirido apenas à custa da experiência do quotidiano, o que o torna limitado na medida em que apenas é praticável em circunstâncias muito próprias. Ou seja, dando o exemplo da agricultura (sector onde o saber popular ainda tem grande abrangência), o que é regra num local, em virtude de factores como o clima ou o tipo de solo, já não o será noutro. Já que falamos nos handicaps, não podemos deixar de referir a falta de “aprovação” científica. E numa sociedade onde o “cientificamente provado” assume estatuto de verdade absoluta, o saber dos mais velhos passa a não ter credibilidade (quase) nenhuma.

É isto mau? Objectivamente acho que sou obrigado a responder que não. Não há problema nenhum em saber porque fazemos determinada coisa, porque é que aquela coisa acontece de determinada maneira, qual a causa - efeito daquilo que nos rodeia, antes pelo contrário. Nós somos seres curiosos por natureza, e desde criança que sempre nos habituamos a questionar, e por norma, um “porque sim” ou “porque sempre se fez assim”, ou “porque já o meu assim fazia” não satisfaz ninguém. E são precisamente estas as respostas que o saber popular oferece. Respostas que efectivamente não respondem a nada, mas que obrigam a seguir um padrão previamente estabelecido.

Agora a questão que se levanta pode ser a seguinte: deve este saber (popular) ser desvalorizado e completamente posto de lado? A resposta também não me parece complicada. Se há coisa que devemos ter em mente é que nesta altura já ninguém inventa nada de novo. Como se costuma dizer, já está tudo inventado, a nossa função agora é apenas melhorar o que já existe. Assim sendo, o saber popular ser-nos-á útil na maioria das situações, situações essas em que o quê e o porquê são apenas secundários.

É isto que acontece? Falando pessoalmente (e talvez devido ao facto de estar numa área cientifica), eu olho com um bocado de desconfiança para certos dogmas e paradigmas que ainda estão presentes em determinadas acções do nosso quotidiano (não semear um determinado alimento por causa da lua, apenas para referir um exemplo), e talvez faça mal, mas duvido que fuja ao padrão actual.

Em suma, numa época em que se exigem respostas precisas, o saber popular não deve ser desvalorizado, apenas passado para segundo plano. É certo que um dos maiores problemas da sociedade é enquadrar duas gerações diferentes (científica vs popular) num mesmo espaço temporal, mas cabe-nos a nós fazer com que isso seja possível."

1 comentário:

Plasticine disse...

A lua influência as marés (cientificamente provado) porque nao ha-de influenciar mais coisas? Não dúvido que influêncie agricultura, estados de espírito e tudo o que se possa imaginar (nao, nao vou falar da união com o cosmos, mas podia).

Isso do não se inventa nada de novo...hmm...não será um dogma, um paradigma?

Acho que o saber popular sabe muito, a ciência serve pra convencer as mentes mais desconfiadas (não é necessariamente mau ser desconfiado, principalmente neste caso) =)

Beijooo****** (pensava que nao escrevias nunca mais aqui)